A bolha nos salários do futebol brasileiro não estourou, mas
há nela um furo - algo que indica que o estouro não está longe. Acaba de
começar o período de transferências de jogadores e treinadores dentro
do futebol brasileiro. E o cenário descrito por quem lida com este
mercado é o mesmo: os salários estão mais baixos e há menos dinheiro
circulando do que nas últimas janelas.
O blog ouviu este diagnóstico de um advogado especialista em grandes
transações, de um agente Fifa, do representante de um dos fundos de
investimento que mais gasta no futebol brasileiro e do diretor de
futebol de um clube do eixo Rio-SP que gastou muito nos últimos anos,
mas agora está prestes a por o pé no freio.
A decisão da Fifa de proibir os investidores no futebol fez aumentar
os níveis de precaução de todos os envolvidos em negociações. Ainda há
muitos pontos em discussão, como o prazo a ser dado até que a proibição
passe a valer, como vai funcionar a fiscalização dos "clubes de aluguel"
e as punições a quem burlar o veto.
Há um grupo de trabalho, formado por representantes dos principais
mercados do futebol internacional, que se reúne periodicamente para
orientar a Fifa. A próxima reunião será em 22 de janeiro, em Zurique. A
decisão final da Fifa deve sair em maio do ano que vem, antes da janela
de transferências do meio do ano na Europa.
Enquanto isso, a indefinição já afeta o futebol brasileiro: jogadores
e treinadores que estão em processo de trocar de clube depois do fim do
Campeonato Brasileiro já aceitam negociar por salários menores do que
ganharam em 2014.
Com os investidores ainda retraídos, esperando definições mais claras
da Fifa, há menos dinheiro circulando no mercado. Com menos dinheiro,
os clubes não pagam luvas tão altas quanto pagavam não faz tanto tempo. O
mesmo acontece com salários.